
Os inibidores de JAK (Janus quinase – Janus kinase em inglês) são uma nova classe de medicamentos que funcionam limitando a ação das enzimas Janus quinase, essas enzimas também estão envolvidas na inflamação que geram sintomas na espondiloartrite axial. Mas, convém avisar que essa nova classe de medicamentos ainda está restrita para uso na espondiloartrite axial e não se encontra no rol de procedimentos da ANS até o momento.
Como os medicamentos biológicos essas formas terapêuticas são “direcionadas” para atuarem na resposta imunológica. Ao contrário dos produtos biológicos, os inibidores de JAK não são injetáveis, mas sim comprimidos, sendo administrados oralmente.
Como eles funcionam?
Os inibidores da Janus quinase (JAK) funcionam diminuindo a hiperatividade do sistema imunológico que pode levar à inflamação e dor. Eles fazem isso inibindo a atividade de uma ou mais enzimas JAK (JAK1, JAK2, JAK3 e TYK2) encontradas nas células.
Sabemos que o sistema imunológico é a defesa natural do corpo contra infecções e outras doenças, mas às vezes, o sistema imunológico pode se tornar hiperativo e causar sérios problemas. Assim, ao bloquear as enzimas JAK, esses inibidores ajudam a diminuir a reação do sistema imunológico que pode levar à inflamação, dor e outros sintomas comuns nas espondiloartrites.
Essa classe de enzimas são proteínas do corpo que podem promover sinais inflamatórios no corpo e estão associados à liberação de citocinas (como por exemplo a interleucina e o interferon). Para entendermos, as citocinas são pequenas proteínas que afetam o crescimento das células envolvidas na inflamação e na resposta imune. E no caso em questão, foi demonstrado que as citocinas dependentes de JAK levam à uma série de doenças inflamatórias e autoimunes como a artrite reumatoide (AR) e no nosso caso a espondiloartrite axial.
Dentre os inibidores de JAK para EpA podemos citar:
Upadacitinibe (Rinvoq)
O upadacitinibe (Rinvoq) foi aprovado pela primeira vez em agosto de 2019 nos EUA, em setembro de 2022 na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte e no Brasil ele foi registrado em fevereiro de 2020 para o tratamento de adultos com artrite reumatoide (AR) moderada a grave que tiveram uma resposta inadequada ou intolerância ao metotrexato.
Desde então, o upadacitinibe também foi aprovado para tratar artrite psoriática, dermatite atópica (eczema), colite ulcerativa, doença de Crohn, espondiloartrite axial radiográfica e espondiloartrite axial não radiográfica ativa em adultos que responderam inadequadamente à terapia convencional.
O upadacitinibe é um tratamento de longo prazo e é importante continuar tomando, mesmo que não pareça estar funcionando no início. E como toda medicação inibitória, seu médico pode decidir interromper o upadacitinibe e tentar outro tratamento se seus sintomas não melhorarem após seis meses.
Tofacitinibe (Xeljanz)
O tofacitinibe (Xeljanz), é um inibidor oral de JAK usado para tratar a artrite reumatoide, colite ulcerativa, artrite psoriática e espondilite anquilosante em adultos; e artrite idiopática juvenil poliarticular em pacientes com 2 anos de idade ou mais. Foi aprovado pela primeira vez pelo FDA dos EUA em novembro de 2012, no Brasil registrado em setembro de 2019 e aprovado em 2024, porém não se encontra dentro do rol de procedimentos da ANS.
Em estudos de laboratório, o Xeljanz demonstrou inibir JAK1 / JAK2, JAK1 / JAK3 e JAK2 / JAK2, mas não se sabe totalmente como essas combinações contribuem para o efeito terapêutico.
Assim como o upadacitinibe, e as medicações biológicas, ao não se notar nenhuma melhora nos sintomas após seis meses, deve-se discutir com seu médico, que pode decidir interromper o tofacitinibe e tentar outro tratamento para sua condição. O tofacitinibe (Xeljanz) também é um tratamento de longo prazo e é importante continuar tomando-o, mesmo que não pareça estar funcionando no início.
Riscos e efeitos colaterais
Como qualquer medicamento, os inibidores de JAK podem causar efeitos colaterais. Sentir-se enjoado, ter diarreia e dores de cabeça são bastante comuns, mas podem desaparecer com o tempo. E, como toda medicação inibitória, pode-se ter uma maior probabilidade de contrair infecções enquanto estiver fazendo uso dela. Essas geralmente não são graves e incluem infecções de garganta, nariz, herpes labial e infecções do trato urinário. E sempre que se desenvolver uma infeção (bacteriana, viral ou fúngica), o seu médico deve ser brevemente consultado para tratar a infeção e aconselhar sobre a continuidade ou não da medicação.
Já estão disponíveis?
Por enquanto, parece que a aprovação de uso dos inibidores de JAK para a espondiloartrite axial provavelmente levará algum tempo para estarem facilmente disponíveis. Porém, ainda assim, é uma boa notícia saber que existem novas opções de tratamento potencial para os pacientes.
Fontes:
Drugs.com – What are JAK inhibitors and how do they work?, disponível em: https://www.drugs.com/medical-answers/what-jak-inhibitors-how-work-3575417/
NASS – JAK inhibitors, disponível em: https://nass.co.uk/managing-my-as/medication/jak-inhibitors/
SAA – JAK Inhibitors: A New Treatment Option on the Horizon for Spondyloarthritis – disponível em: https://spondylitis.org/spondylitis-plus/jak-inhibitors-a-new-treatment-option-on-the-horizon-for-spondyloarthritis/
Consulta de medicação no site da ANVISA – disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/